Os profissionais que trabalham com cuidados paliativos realizam o atendimento de pacientes com doenças terminais. Assim, mitigam os sintomas desagradáveis e de sofrimento, controlam dores e minimizam o sofrimento do paciente e de seus familiares nesse momento tão delicado.
No Brasil, há 191 serviços especializados em cuidados paliativos. A maioria, aproximadamente 82,7%, realiza interconsultas, prestando o atendimento para pacientes de outras áreas que necessitem desses cuidados.
Em tais contextos, o paciente recebe o tratamento de câncer, doença pulmonar, Alzheimer ou outra enfermidade que possa levar ao estado terminal na respectiva área de especialidade. Caso o quadro se agrave e não haja mais resposta a nenhuma forma de tratamento, é iniciada a atuação voltada para os cuidados paliativos.
Boa parte desse atendimento ocorre em ambulatórios (59,7%), mas também é possível realizar os cuidados paliativos em domicílio (34,0%).¹ É uma análise que os profissionais da saúde precisam realizar, entendendo qual situação melhor mitigará o sofrimento do paciente em estágio terminal.
Neste conteúdo, explicamos como é a rotina dos profissionais da saúde que atuam na área. Continue a leitura e entenda um pouco mais sobre a especialidade em cuidados paliativos!
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta a seguinte definição:
Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.
Na maior parte dos casos, o atendimento se destina aos pacientes oncológicos. Contudo, a especialidade lida com uma série de doenças que podem levar o paciente ao estágio terminal²:
Os cuidados paliativos também envolvem a família do paciente. É preciso dar um tratamento humanizado não apenas para o doente, mas para todo o seu entorno, em diferentes níveis.
Inclusive, as equipes são multiprofissionais, compostas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, farmacêuticos e psicólogos, todos se envolvem e contribuem com os seus conhecimentos.
Os cuidados paliativos são realizados durante todo progresso do tratamento da doença ativa, até as últimas horas de vida do paciente. Nesse sentido, eles são divididos em três diferentes estágios.
Com o diagnóstico e progressão da doença, ocorrem os cuidados paliativos gerais. Aqui, busca-se preservar a autonomia, tratar sintomas desagradáveis das doenças e iniciar o processo de apoio às necessidades emocionais, espirituais e sociais.
Nesse momento, é importante que comece a assistência social e psicológica aos familiares e pacientes. Além disso, embora ainda possa manter certa autonomia e, em alguns quadros, preservar parte de sua rotina, é preciso administrar fatores como o controle da dor e de outros sintomas no dia a dia.
Os psicólogos também exercem um papel importante. Diante da ineficácia dos tratamentos em relação à cura, o paciente pode ser acometido de tristeza profunda, depressão e outros transtornos mentais. E, para que ele tenha a melhor qualidade de vida possível em um momento tão difícil e delicado, é necessário auxiliá-lo nessas questões.
Os cuidados paliativos específicos começam diante do estado progressivo de declínio. Nesse período, dos últimos seis meses ou semanas de vida, o paciente estará mais debilitado e com dificuldades severas para ter autonomia em suas atividades.
Os profissionais da saúde, junto aos familiares da pessoa assistida, precisam tomar decisões importantes, como internar o paciente ou mantê-lo em domicílio. Como o paciente já não responde aos tratamentos, dependendo do caso, o tratamento em casa pode ser adotado para melhorar a qualidade de vida nos últimos momentos de vida.
No entanto, essa opção depende da estrutura disponível, especialmente para mitigar o sofrimento físico do paciente. Afinal, é um momento de agravamento dos sintomas, que podem ser enjoo, vômito, perda exaustão e dores.
Ademais, os cuidados se intensificam em relação ao fortalecimento dos laços familiares e apoio espiritual. A equipe, por exemplo, pode realizar encontros com líderes religiosos conforme as crenças do paciente, bem como viabilizar reuniões familiares.
Nas últimas 72 horas de vida, ocorre o estágio final dos cuidados paliativos. Nele, o paciente conta com sinais acentuados de fadiga, perda gradativa de movimentos, confusão mental, entre outras características que precedem o falecimento.
É um momento de acolhimento e de permitir os últimos encontros com os familiares. Também é possível que o paciente queira realizar seus últimos desejos, como deixar a herança, indicar pessoa responsável pelos filhos, disponibilizar recursos para os cuidados de animais de estimação e despedir-se de pessoas próximas.
Pelo fato dos cuidados paliativos mitigarem os sintomas das pessoas em ameaça contínua de perder a vida, a rotina do profissional vai depender da doença do paciente e das formas de sofrimento vivenciadas.
O trabalho do responsável é fornecer o melhor bem-estar possível diante da situação, lidando com dores de difícil controle, depressão e tristeza profunda, angústia, fadiga, vômitos, falta de ar e perda de movimentos e locomoção.
Conforme o estado do paciente, a equipe terá que lidar com diversos desafios:
Nas especializações em Medicina e demais áreas da saúde, além de habilidades técnicas, é importante que o profissional desenvolva diversas competências comportamentais. Veja, a seguir, as principais soft skills relacionadas à rotina de cuidados paliativos.
É essencial oferecer um tratamento humanizado em todas as etapas, respeitando a personalidade e identidade do paciente. Portanto, a escuta é um fator indispensável para o profissional da saúde entender suas necessidades e particularidades, atuando de maneira mais efetiva.
Além de ouvir, a equipe precisa saber se colocar no lugar do paciente e dos familiares, em um momento tão delicado. Essa empatia deve ser assertiva, ou seja, acompanhada de providências para trazer conforto para os atendidos.
O profissional da saúde deve saber comunicar as más notícias, que são consideradas naturais dentro deste contexto de trabalho. Entre outras premissas, a linguagem utilizada deve ser de fácil compreensão, e os profissionais devem transmitir a verdade com a devida sensibilidade.
Outro cuidado é fazer com que o paciente e seus familiares se sintam acolhidos durante os diferentes estágios dos cuidados paliativos. Lidar com a sensação de abandono no estágio terminal é um grande desafio, e o profissional da saúde deve ser capaz de transmitir ao paciente o sentimento de estar recebendo a melhor atenção e cuidados para o seu bem-estar.
A especialização em Cuidados Paliativos prepara o profissional para lidar com todas as particularidades dos tratamentos de doentes terminais. Como visto, o paciente e seus familiares demandarão um atendimento amplo, abrangendo diferentes tipos de necessidades.
Boa parte do curso promove o desenvolvimento pessoal. Médicos, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas, entre outros profissionais, vão refletir sobre questões humanas, afetivas, sociais, emocionais e espirituais.
Não por acaso, o modelo de educação híbrida traz inúmeras vantagens, pois facilita discussões frequentes em ambientes virtuais. Porém, você não deixa de ter convívio com os colegas e professores.
Além disso, a pós-graduação é um caminho para dominar a fundo as técnicas, medicamentos e protocolos para aliviar sintomas e controlar a dor desses pacientes. Ainda que a doença já não seja mais reversível, a forma como o paciente viverá os últimos períodos de vida faz toda a diferença.
Por isso, especializar-se em cuidados paliativos não é apenas uma possibilidade para crescer na carreira e ter aumento salarial, mas também uma oportunidade de exercitar o lado mais humano e encontrar um grande propósito no trabalho.
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